sábado, junho 17, 2017

Fantasmita

Diz-se que o cão é o melhor amigo do homem, que um livro é uma óptima companhia, coisas assim. Não me parece nada que estas ideias sejam sinceras, parece-me que são tentativas de espantar o mais melancólico dos fantasmas, aquele que ali está e que tem Solidão por apelido.

Quando passamos muito tempo sozinhos sentimos uma mordida no coração. Não é muito forte, não quer despedaçar-nos o músculo vital, não. É apenas assim mesmo, um fincar de dentes para não largar, uma coisinha teimosa ali pendurada, a tremelicar a cada batida, uma coisa bastante melancólica, até.

Pessoalmente, são mais as ocasiões em que opto por ficar só do que aquelas a que tal sou obrigado. Ainda que muito preze a companhia das letras, que não desdenhe a presença de um canídeo e ame  a Humanidade muito mais do que gosto de admitir, tenho por este bichito que mordisca o meu coração um carinho especial. Gosto deste fantasmita.

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