quinta-feira, novembro 02, 2006

Cinzento

Os Filhos do Homem
Título original: Children Of Men De: Alfonso Cuáron Com: Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine. Género: Dra, Thr Classificacao: M/16 2006, Cores, 109 min.

argumento

2027, os últimos dias da raça humana. O planeta caiu na anarquia total, provocada por um problema de infertilidade na população. A Humanidade enfrenta a possibilidade da sua própria extinção. Em Londres, cidade dividida pela violência de grupos nacionalistas, Theo (Clive Owen), um desiludido burocrata, torna-se no improvável defensor da sobrevivência do planeta, quando se vê obrigado a enfrentar os seus demónios e a proteger Kee, uma mulher grávida.

PUBLICO.PT
Aí está um filme daqueles que, sendo a cores, acabam por dar ao espectador a sensação de uma infindável gama de cinzentos, parecendo nunca tocar os extremos, deixando de fora o preto e o branco.
Os temas que aborda não são dos mais coloridos: o terrorismo da Internacional Bombista, a xenofobia, o estado policial, as políticas anti-migrações, o individualismo conformista versus a vertigem iluminada dos extremistas revolucionários e, por fim, o decréscimo da fertilidade levada ao extremo, num mundo em que o mais jovem dos cidadãos tem 18 anos de vida.
O filme tem alguns problemas ao nível da narrativa. Colocando a acção num futuro próximo e num mundo que nos é familiar, bate-se com a necessidade de explicar tudo e não o explicar completamente uma vez que o espectador será capaz de preencher os vazios narrativos de forma dinâmica, socorrendo-se da sua própria experiência e conhecimento da actualidade. O resultado não é lá muito eficaz.
Por outro lado as personagens acabam por não ganhar espessura suficiente, refugiando-se com frequência num certo estereotipo algo maniqueísta. Mas, por outro lado, há desempenhos interessantes, nomeadamente o de Clive Owen, um actor cada vez mais brilhante em cada filma que passa.
Assim, aos tropeções, o filme avança. A uma aturada construção visual, coroada com alguns planos e sequências de grande eficácia, opõe-se algum arrastamento narrativo, resultando num objecto cinematográfico algo desiquilibrado e cinzento como um moribundo. O tom geral é de grande sufoco e o ambiente na sala pesa como chumbo.
No final um raiozinho de esperança para desanuviar um pouco.
Enfim, caso não haja nada de muito mais interessante para fazer poderá ser um filme a ver, sabendo de antemão que não se trata de nada de extraordinário. Digamos que merece uma estrela e uma palmada na testa (sempre poderá gerar mais uma ou duas estrelas, dependendo da palmada e dependendo da testa).

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