quarta-feira, agosto 30, 2006

O debate


Um debate televisivo entre Bush e Ahmadinejad? Caramba, que grande ideia!

Estaríamos decerto perante o maior espectáculo do mundo (sem querer estar a desmerecer o circo). De um lado o líder do mundo livre (estou a rir-me). Do outro um tipo equivalente que quer, cada vez mais, surgir como líder do... mundo não-livre? Do eixo do mal? Bom, Presidente da República Islâmica do Irão (designar-se-à assim?) ele é, de resto não sei.

Seja como for um frente-a-frente televisivo entre duas pintas deste calibre haveria de bater recordes de audiência em todas as partes do mundo com lucros astronómicos para as estações que garantissem a emissão. Nos intervalos a publicidade apareceria aos interessados a preços de roer as unhas na hesitação de investir as somas exigidas pelas estações de TV. Seria curioso ver quais seriam as empresas e os produtos a preencher esses espaços publicitários nas diferentes partes do mundo. "Compre mísseis Patriot e defenda-se da fúria islâmica!".

Repare-se que tem sido Ahmadinejad a tentar estabelecer o contacto com os americanos a desviarem-se constantemente. Na hierarquização habitual do nosso raciocínio político se Bush aceitasse responder uma vez que fosse ao iraniano isso equivaleria a reconhecê-lo enquanto interlocutor válido, coisa que nem passa pela cabeça do américas (se é que passa alguma coisa). Assim assistimos a uma coisa parva que é Ahmadinejad dirigir-se a Bush e a resposta vir na boca de algum assessor de imprensa. Para Bush é como se o outro não existisse.

O Irão tem alguma razão em temer os EUA. Por um lado estão no eixo-do-mal juntamente com a Coreia do Norte. Mas como Il-Sung tem armamento atómico os américas lá o vão deixando em paz mesmo quando caem míseis experimentais a algumas centenas de quilómetros do Japão, como foi caso recente. O Iraque foi invadido com as consequências que (ainda não) se vêem. As tropas do grande satã americano estão demasiado próximas e ameaçadoras para que o louco de Teerão possa ignorá-las. Daí que seja perfeitamente compreensível o desejo iraniano de possuir armamento que ponha em sentido tão imprevisíveis adversários como os EUA e Israel.

Para mim os iranianos bem podem ir dar uma curva e dormirei (ainda) mais descansado se eles não possuirem armas nucleares. Mas, se estivesse no lugar deles, também andaria a suar as estopinhas na tentativa de conseguir essas armas, quanto mais não fosse para espantar as ratazanas.

Por estas e por outras, o debate entre os dois tolos de serviço na condução dos destinos do planeta seria um momento para a História e uma oportunidade para todo o mundo perceber os fanáticos religiosos que pretendem orientar-nos nos caminhos da salvação.

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